Estudos atuais mostram que experiências vividas desde a concepção do indivíduo têm profunda influência na duração e na qualidade de vida que ele terá.
O termo “epigenética” tem origem do grego, onde “epi” significa “acima, perto, a seguir”, e é definida como modificações do genoma que podem ser herdadas, mas que não alteram a sequência do DNA.
Por muito tempo acreditou-se que os genes eram os únicos responsáveis por transmitir características biológicas entre gerações. Hoje, novos estudos demonstram que variações epigenéticas adquiridas no decorrer da vida de um organismo podem também ser transmitidas.
O conceito de epigenética surgiu nos anos 40, com o biólogo Conrad Waddington, para descrever a interação entre genes e ambiente que permite o surgimento dos fenótipos. Segundo o pesquisador, para compreender a relação entre a herança genética e os processos de desenvolvimento, seria necessário adotar duas medidas: a primeira, mais simples, consistiria na descrição dos processos de desenvolvimento observáveis; a segunda, mais importante, consistiria na investigação dos mecanismos causais em funcionamento nos processos observados, relacionando-os, sempre que possível, às descobertas reveladas pela embriologia experimental. Para essa segunda, Waddington sugeria o termo “epigenética”.
Posteriormente, nos anos 70, a epigenética seria descrita como uma alteração química do DNA, chamada de metilação. A metilação do DNA era considerada um mecanismo potencialmente importante para variações na expressão genética, podendo explicar especificamente a ativação ou inativação de determinados genes durante o processo de desenvolvimento do organismo.
As modificações epigenéticas podem ser herdadas no momento da divisão celular e terão um efeito significativo na biologia do organismo, definindo diferentes fenótipos (características observáveis de um organismo – morfológicas e fisiológicas).
Mudanças no genoma são lentas e ocorrem a partir de mutações randômicas. Pode levar muito tempo para que um fenótipo se instale numa população. O epigenoma, por outro lado, pode mudar rapidamente em resposta aos diversos sinais que a célula pode receber. Nesse sentido, a herança epigenética de um organismo pode ajustar a expressão gênica de acordo com o ambiente onde vive, sem mudanças no seu genoma.
As mudanças epigenéticas determinam se os genes estão ativos ou não e influenciam a produção de proteínas nas células, garantindo que apenas as proteínas necessárias sejam produzidas. Proteínas que promovem o crescimento ósseo, por exemplo, não são produzidas nas células dos músculos.
Por fim, sabe-se que um número crescente de estudos tem mostrado que determinados eventos ambientais, especialmente aqueles ocorridos nos primeiros anos de vida, estão consistentemente relacionadas com alterações epigenéticas e podem ser transmitidos para a geração seguinte. Esses estudos têm sido usados para nortear diagnósticos e tratamentos em diversas áreas da saúde como desenvolvimento humano, psiquiatria, oncologia, entre outros.
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