O café e o pão, já com manteiga, estavam sempre à mesa quando o filho acordava. Na hora do almoço, era a mãe que também colocava a comida no prato. Ao sair de casa, mais uma escolha da mãe: a roupa que o menino iria usar. Esse comportamento, que se estendeu até a vida adulta, pode parecer apenas cuidado num primeiro momento. Mas revela características de pais que assumem o lado controlador, como explica a psicóloga Sandra Bittencourt.
“Uma coisa é ter zelo e atenção. Querer saber, de forma equilibrada, aonde o filho está e com quem anda, por exemplo. Outra coisa muito diferente é ser controlador. Normalmente, quem tem esse perfil é inseguro e ansioso. No fundo, os pais fazem isso por amor. Mas não se dão conta de que a criança recebe essa informação de forma diferente. Ela pensa: se eu fosse capaz de verdade de realizar essa tarefa, os meus pais confiariam em mim. A criança leva essa aprendizagem para toda a vida, com consequências em outros departamentos da convivência”, esclarece a psicóloga.
CARACTERÍSTICAS DO CONTROLADOR
Pesquisas feitas por neurocientistas mostram que o comportamento controlador poda a autonomia da criança desde cedo. E isso pode acontecer nas situações mais corriqueiras. Impedir que a criança brinque de forma livre, que ela tenha contato com a areia ou a grama por medo que se machuque e fique doente são exemplos de controle que pode estar além do normal. Outras ações também identificam esse comportamento. Entre elas, estão:
- Impedir que a criança tome decisões
- Não permitir que ela tenha opinião própria
- Invadir a privacidade dela de alguma maneira
- Estimular a dependência dos pais
- Fazer chantagem psicológica, ameaça ou incentivar a culpa (exemplo: se não fizer como eu quero, vou gostar menos de você)
CONSEQUÊNCIAS DO CONTROLE EXCESSIVO
Esse tipo de educação tem repercussões futuras e, muitas vezes, em toda a vida da pessoa. Segundo estudos, filhos de pais controladores demais tendem a se tornar:
- Adultos menos felizes
- Mais dependentes
- Com dificuldade de se relacionar com outras pessoas
- Com dificuldade de se afastar emocionalmente dos pais
- São mais propensas a doenças como síndrome do pânico, depressão e outros transtornos de origem psicológica
EQUILÍBRIO É SEMPRE O MAIS INDICADO
A especialista em neurociência e coaching familiar, Rosalina Onimaru, orienta a escutar sempre o que a criança tem a dizer:
“O diálogo é sempre o melhor caminho. Outra coisa importante é permitir que a criança realize atividades que condizem com a idade dela, como comer sozinha, limpar o que sujou e ajudar guardar os brinquedos. Já na hora de escolher a roupa, não precisa abrir o armário e dizer para a criança escolher o que quiser. Ela pode não ter maturidade para essa tarefa ainda. Mas você pode separar três peças, por exemplo, e deixá-la optar por uma. A criança vai ficar feliz por poder escolher e você terá incentivado a autonomia dela”, orienta Rosalina.
Outro bom exercício é se questionar diante das situações. Se a criança quer dormir na casa de alguém, por exemplo, e você não quer deixar... se pergunte: evito isso por algum risco real ou só porque é cômodo para mim? O meu filho ficaria bem lá?
E você, exerce o controle em excesso? Descubra nesse teste.
Sensacionais as explicações sobre "Pais Controladores", dadas pela Rosalina Onimaru no vídeo abaixo. Clique nela Agora e Assista!
Clique nos links abaixo e veja as outras reportagens e vídeos da Série Emoções:
Birra Infantil: oportunidade de aprendizagem para pais e filhos
Culpa Materna: descubra a origem e como agir para desativá-la